Pássaro educado abre asa para dar passagem ao companheiro

Alpsdake/Wikipédia

Quando duas pessoas tentam passar ao mesmo tempo por um porta qualquer, uma delas costuma dizer a expressão “depois você” para dar passagem. Essa situação corriqueira do dia a dia dos seres humanos, que é uma forma de gentileza, parece fazer parte também do mundo das aves.

Pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, descobriram que o pequeno pássaro chapim-japonês (Parus minor), também conhecido como chapim oriental, usa os movimentos das asas como um gesto para indicar que o outro pode entrar primeiro no ninho. A revelação foi publicado na revista Current Biology nesta semana.

Os pesquisadores descobriram o comportamento inusitado das aves ao observarem 16 pássaros progenitores (oito pares) nos ninhos. De acordo com os cientistas, eles formam pares e constroem abrigos para os filhotes dentro de uma cavidade de árvore com uma pequena entrada.

Os cientistas notaram que, ao levar comida de volta ao ninho, os pássaros muitas vezes desciam primeiro em um poleiro próximo do local. Na sequência, um deles batia as asas em direção ao outro. Ao analisarem 320 visitas, eles constaram o bicho que movimentava o membro do corpo entrava em segundo lugar na cavidade, enquanto a outra ave adentrava na sequência.

“Ficamos surpresos ao descobrir que os resultados foram muito mais claros do que esperávamos. Observamos que chapim-japonês bate as asas exclusivamente na presença do companheiro e, ao presenciar esse comportamento, o companheiro quase sempre entrava primeiro no ninho”, disse o professor associado Toshitaka Suzuki, principal autor da pesquisa.

Diferente do caso do ser humano, em que o homem costuma deixar a mulher passar primeiro, com o chapim-japonês acontece o oposto: normalmente é a fêmea que bate as asas para o macho entrar no ninho e entregar a comida antes para o filhote.

Chapim-japonês e as palavras

Essas aves não apenas usam gestos com as asas. Em 2016, professor associado Suzuki e outros pesquisadores contaram em estudo na Nature Communications que essa espécie tem uma sintaxe própria para transmitir mensagens pelo canto. Ou seja, eles formam palavras para comunicar mensagens.

“Continuaremos a decifrar o que os pássaros falam através de gestos, vocalizações e suas combinações. Este esforço não só nos permite descobrir o rico mundo das línguas animais, mas também serve como uma chave crucial para desvendar as origens e a evolução da nossa própria língua”, falou o pesquisador, que estuda essas aves há cerca de 17 anos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *